Atendimento odontológico: As recomendações durante a pandemia

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A pandemia do novo COVID-19 está modificando a rotina de milhões de pessoas ao redor mundo, por isso, vários profissionais da saúde tomaram algumas medidas, a fim de contribuir para a prevenção do novo Coronavírus. Vale ressaltar que as recomendações para o atendimento odontológico mudou, por isso, os dentistas precisam estar atentos à todas as informações, visto que a profissão os torna extremamente expostos ao vírus.

A principal característica do COVID-19 é a capacidade de disseminação. O vírus se propaga via gotículas respiratórias, espirro, tosse, catarro, contato direto com secreções infectadas, bem como no atendimento odontológico, contaminação de superfícies e a contaminação indireta.

Por estes motivos, o Ministério da Saúde informou que o atendimento odontológico eletivo deveria ser prorrogado e somente as consultas de caráter de urgência e emergência poderiam ser realizadas.

Temos um post no blog que mostra a necessidade de manter o paciente informado sobre os status de funcionamento do seu consultório e sobre as medidas que estão sendo tomadas para garantir a segurança para a realização do trabalho, pois a transparência e a comunicação com o paciente são primordiais para minimizar o impacto econômico do vírus no seu consultório.

A seguir iremos mostrar como os dentistas deverão proceder antes e durante as consultas com o objetivo de garantir a segurança de si mesmo e de seus pacientes.

Atendimento odontológico de Urgência/Emergência x Eletivo:

A American Dental Association (ADA) divulgou um documento para facilitar a identificação de quais são os casos de Urgência/Emergência e quais são os casos eletivos que deverão ser reagendados.

Atendimento odontológico de urgência/emergência 

  • Pulpite;
  • Pericoronite;
  • Osteíte pós-operatória cirúrgica ou troca de curativos de cavidade seca;
  • Abscesso ou infecção bacteriana localizada, resultando em dor e inchaço localizados;
  • Fratura de dente, resultando em dor ou causando trauma nos tecidos moles;
  • Trauma dentário com avulsão / luxação;
  • Confecção de restauração temporária, caso a restauração for perdida, quebrada ou esteja causando irritação gengival;
  • Cárie extensa ou restaurações defeituosas que causam dor;
  • Remoção de suturas;
  • Ajustes da dentadura em pacientes com radiação / oncologia;
  • Ajustes ou reparos da dentadura quando a função é impedida;
  • Substituir o preenchimento temporário nas aberturas de acesso endodôntico em pacientes com dor
  • Corte ou ajustes de um fio, ou aparelhos ortodônticos que perfuram ou ulceram a mucosa bucal.

Atendimento odontológico eletivo:

  • Exame odontológico inicial ou de manutenção;
  • Radiografias de rotina;
  • Profilaxias dentárias;
  • Terapia periodontal rotina;
  • Procedimentos ortodônticos diferentes daqueles para tratar de problemas agudos (por exemplo, dor, infecção, trauma);
  • Extração de dentes assintomáticos;
  • Dentística restauradora, incluindo tratamento de lesões cariosas assintomáticas;
  • Procedimentos odontológicos estéticos.

Fonte: Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)

Pré Consulta:

Para se resguardar, o dentista deverá iniciar a prevenção por telefone contra a COVID-19 antes mesmo da consulta. 

Confira abaixo um questionário de cinco perguntas com as orientações do Conselho Federal de Odontologia para cada tipo de situação.

Questionário:

1- Você teve febre nos últimos 14 dias?
2- Você teve alguma dificuldade respiratória nos últimos 14 dias?
3- Você esteve em áreas atingidas pela infecção nos últimos 14 dias?
4 – Você esteve em contato com alguém com diagnóstico positivo nos últimos 14 dias?
5- Você esteve em contato com alguém que esteve em área de risco ou com sintomas nos últimos 14 dias?

Se o paciente respondeu SIM para grande parte dessas perguntas e ao medir sua temperatura, apresentou menos que 37,3 graus C, o cirurgião-dentista pode adiar o tratamento por 14 dias, após o evento de exposição. O paciente deve ser instruído a ficar em quarentena em casa e relatar se houver qualquer experiência de febre ou síndrome gripal.

Se a resposta for SIM para muitas dessas questões e sua temperatura corporal está acima de 37,3 graus C, o paciente deve imediatamente ser colocado em quarentena e o cirurgião-dentista deve encaminhá-lo para o serviço de saúde para cuidados médicos adicionais e não será atendido.

Se o paciente respondeu NÃO para todas as questões e sua temperatura corporal está abaixo de 37,3 graus C, o cirurgião-dentista pode realizar o atendimento odontológico com medidas extras de proteção e de forma a evitar borrifos ou procedimentos que gerem aerossóis.

Se a resposta for NÃO, porém apresentou temperatura acima de 37,3 graus C, o paciente será instruído a procurar o serviço de saúde para cuidados médicos adicionais e não será atendido.

A temperatura deverá ser aferida, preferencialmente, com termômetro de testa e deve ser rotina nos atendimentos ao paciente e acompanhante.

Pacientes que apresentarem sintomas de infecção respiratória só deverão ser tratados se houver alguma emergência, todo tratamento eletivo deverá ser postergado por pelo menos 14 dias e segundo alguns estudos por um mês.

Nos casos em que se decide realizar o procedimento, os profissionais devem avaliar e decidir juntos quais serão as medidas de precauções para cada caso, para se evitar a disseminação potencial de doenças entre pacientes, visitantes e equipe.

Precauções durante a consulta:

1) HIGIENE DE MÃOS:

Realizar higiene de mãos frequentemente, preferencialmente com a lavagem rigorosa das mãos ou, com fricção com gel de Álcool a 70% se não estiverem com sujidade visível por no mínimo 20 segundos. Lavar as mãos antes e depois da retirada das luvas. Secar as mãos com papel toalha.

2) USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL:

Proteger membranas mucosas de olhos, nariz e boca durante os procedimentos, que deverão ser selecionados de acordo com o tipo de atendimento. Compreendem as luvas, óculos e proteção facial com máscaras e também viseiras. Durante a anamnese e exame clínico poderá ser usada máscara cirúrgica e óculos de proteção.

Em procedimentos onde serão gerados aerossóis, a máscara de escolha, que oferece melhor proteção deverá ser a N95 ou PFF2 ou respiradores reutilizáveis que deverão ser limpos e desinfetados a cada paciente de acordo com recomendações do fabricante. As máscaras deverão ser trocadas a cada paciente ou mais de uma vez no mesmo paciente  quando visivelmente molhadas, e a máscara N95 só poderá ser usada por 4 horas.

Dental Tiradentes

Os protetores de face ou viseiras poderão ser usados para conferir proteção mais ampla, porém a máscara sempre deverá ser utilizada. Realizar desinfecção dos protetores de face após cada paciente.

Profissional e equipe deverão usar além das máscaras, protetores oculares e gorros descartáveis, jalecos que poderão ser descartáveis ou não. Óculos de grau não são considerados equipamentos de proteção individual, pois não possuem as proteções laterais.

Retirar os Equipamentos de proteção individual antes de sair da sala clínica. 

Cuidados devem ser tomados quando da retirada de equipamentos de proteção individual para que não haja contaminação e a equipe também deverá ser treinada . As máscaras devem ser retiradas por suas tiras ou elásticos, não devem ser tocadas durante procedimento e não devem ser colocadas no pescoço e bolsos, são itens contaminados. 

Todo o resíduo gerado no tratamento de pacientes, bem como os equipamentos de proteção individual deverão ser descartados em lixo infeccioso, como regularmente é feito.

Em casos onde o paciente está em áreas de isolamento temporário, o profissional deverá usar máscara cirúrgica, capote, luvas e óculos de proteção.

3) ETIQUETA DA TOSSE / HIGIENE RESPIRATÓRIA:

Cobrir boca ou nariz quando tossir ou espirrar colocando o cotovelo. Quando do uso de lenços deverão ser descartáveis e após o uso, deverão ser  descartados em lixo apropriado e as mãos lavadas .

4) SEGURANÇA NO MANUSEIO DE PERFUROCORTANTES:

Infecções podem ocorrer após acidentes com instrumentos perfurocortantes ou contato direto entre membranas mucosas e mãos contaminadas.

5) ESTERILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS:

Todo o material deverá ser esterilizado em autoclaves e as peças de mão deverão ser autoclavadas para cada paciente e  ter válvulas anti-refluxo.

Instrumentais sendo esterilizados

6) LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES:

Realizar desinfecção rigorosa do consultório (maçanetas, cadeiras, banheiro), com Hipoclorito de Sódio a 0,1% ou Peróxido de Hidrogênio a 0,5% e álcool a 70%.

Todas as superfícies tocadas deverão ser desinfetadas, usar barreiras de proteção que devem ser trocadas a cada paciente. Há relatos de sobrevivência do novo coronavírus por 2 a 9 dias em superfícies.

Utilizar diques de borracha nos procedimentos sempre que possível. Quando o isolamento não for possível, dar preferência a instrumentos manuais para remoção de cáries e uso de extratores de cálculo, ao invés de aparelhos ultrassônicos para que se minimize a geração de aerossóis.

Usar sugadores potentes, tais como os do tipo bomba a vácuo, para que diminua a disseminação de aerossóis para o ambiente. O trabalho a quatro mãos deve ser estimulado para controle de disseminação.

Fornecer bochechos com Peróxido de Hidrogênio a 1% antes de cada atendimento (Covid-19 é vulnerável à oxidação) ou Lodopovidona a 0,2% são recomendados para reduzir a carga salivar. A Clorexedina parece não ser eficaz contra o novo coronavírus.

Importante que nas salas de espera existam disponíveis álcool a 70% em gel, orientações para higiene de mãos, etiqueta respiratória e da tosse e orientações quanto ao uso de equipamento de proteção individual, além de atentar para que seja evitado o toque em olhos, nariz ou boca.

A temperatura de toda equipe deverá ser aferida duas vezes ao dia, sendo que a primeira deverá ser antes de iniciar o trabalho e a outra ao longo do dia. Caso algum membro da equipe apresente temperatura superior a 37,3 graus C, deverá ser afastado do trabalho por 14 dias.

Recomendações retiradas do documento “Recomendações para atendimentos odontológicos em tempos de covid-19” publicado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO).

Cirurgião-Dentista, é de suma importância que você respeite todas essas recomendações, especialmente durante esse momento que estamos vivendo. Se proteja e proteja os seus pacientes.

Clique aqui para acessar um documento da ANVISA sobre as orientações para serviços de sáude.

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