Biossegurança na Odontologia Biossegurança na Odontologia

Biossegurança na Odontologia: Aprenda sobre limpeza e desinfecção do seu consultório

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Durante as consultas e procedimentos odontológicos, há uma diversidade de riscos aos quais os pacientes e os profissionais estão expostos. É importante, portanto, que o dentista tenha conhecimento dos conceitos e aplicações da Biossegurança na odontologia para preservar a saúde e segurança de todos os envolvidos.

Através de protocolos e medidas simples, é possível evitar a propagação de doenças e minimizar o risco de acidentes no consultório odontológico. Para auxiliar nessa tarefa, preparamos um guia sobre biossegurança com soluções práticas para sua rotina profissional. Confira a partir de agora.

O que é Biossegurança na Odontologia?

O conceito de biossegurança refere-se a um conjunto de ações destinadas à prevenção, controle, redução e eliminação de riscos durante as atividades profissionais. Na odontologia, a biossegurança tem como objetivo proteger a saúde da equipe e dos pacientes no ambiente clínico.

Além da importância na preservação da saúde, a aplicação de medidas de biossegurança na odontologia é exigida pela legislação. Os dentistas devem conhecer as leis, portarias e notas técnicas do Ministério da Saúde e demais órgãos que definem as normas de biossegurança exigidas para a prática profissional. Caso essas regras não sejam observadas, o profissional pode sofrer diversas sanções que variam entre advertência até interdição do consultório odontológico.

Quais são os tipos de riscos presentes no consultório odontológico?

 Os riscos potenciais na prática odontológica podem ser classificados em cinco categorias:

  • Riscos físicos: Radiações, materiais perfurocortantes, ultrassom, ruídos;
  • Riscos químicos: Ácidos, resinas, medicamentos;
  • Riscos biológicos: Bactérias, vírus, fungos;
  • Riscos ergonômicos: Má postura, exaustão;
  • Riscos de acidentes: Quedas, equipamentos sem proteção etc.

É importante identificar e mapear todos esses riscos, a fim de desenvolver ações e procedimentos que venham a preveni-los, seguindo a legislação específica sobre cada tema. Nesse artigo, abordaremos, em especial, as estratégias de biossegurança para conter os riscos biológicos na odontologia.

Biossegurança na Odontologia

Como identificar os riscos biológicos na Odontologia?

Os riscos biológicos constituem uma das maiores preocupações da biossegurança na odontologia. Além da possibilidade de haver contaminação entre o profissional e o paciente, existe ainda o risco da infecção cruzada entre pacientes, através dos instrumentais ou outros objetos de uso coletivo. Essa contaminação pode causar patologias graves e, portanto, deve-se adotar protocolos para evitá-la.

 Dessa maneira, a estratégia inicial de identificação dos riscos biológicos é a classificação dos ambientes do consultório, de acordo com o risco que oferecem:

  • Áreas críticas: locais em que há maior possibilidade de transmissão de patógenos, nos quais realizam-se procedimentos de risco, com ou sem pacientes. Exemplos: centro cirúrgico, sala de esterilização, lavanderia e sala de atendimento odontológico.
  • Áreas semicríticas: áreas onde há risco de contágio, porém em menor proporção que nas áreas críticas. Exemplos: banheiros e recepção.
  • Áreas não críticas: locais onde não há circulação de pacientes e, portanto, o grau de transmissão de doenças é diminuído. Exemplos: áreas administrativas.

Através dessa classificação, é possível tomar decisões a respeito dos procedimentos de limpeza e desinfecção a serem adotados em cada área e sobre quais equipamentos de proteção individual devem ser utilizados por cada membro da equipe.

Quais protocolos de Biossegurança na odontologia devem ser adotados para minimizar os riscos biológicos?

Há uma série de procedimentos de biossegurança que devem ser adotados no consultório odontológico para evitar a propagação de patógenos e garantir a segurança dos pacientes e profissionais. Entre os principais, destacamos:

1. Imunização da equipe profissional

Antes de iniciar o trabalho em um consultório odontológico, é essencial que todos os membros da equipe sejam imunizados com o esquema vacinal básico, o qual inclui vacinas contra poliomielite, sarampo, rubéola, caxumba, tuberculose, hepatite B, difteria, tétano e gripe. Essas vacinas devem ser atualizadas periodicamente, de acordo com suas especificidades.

2. Exame médico periódico

A realização de exames médicos pelos profissionais também é essencial para a Biossegurança na odontologia. Além disso, trata-se de obrigação legal do empregador submeter seus funcionários a exames periódicos. Por meio dessas avaliações, é possível verificar a condição de saúde dos profissionais e identificar precocemente condições que possam impedir sua atuação em determinadas funções.

3. Higienização das mãos

A correta higienização das mãos é uma medida primária de biossegurança, sendo bastante eficaz para a prevenção e controle de infecções cruzadas na odontologia. A eficácia desse procedimento está relacionada a três fatores: uso de agente tópico antimicrobiano, técnica de higienização correta e frequência do procedimento.

O uso de sabonetes comuns na higienização das mãos é eficaz para remoção da sujeira, substâncias orgânicas e microbiota transitória da pele. Essa remoção está condicionada à ação mecânica e, portanto, para ser eficaz deve ser realizada de maneira correta e por, no mínimo, 60 segundos.

No entanto, pela falta de ação antimicrobiana dos sabonetes comuns, alguns tipos de microrganismos podem não ser totalmente eliminados. Logo, para os procedimentos com maior risco de contaminação, recomenda-se que a higienização das mãos seja realizada com agentes antissépticos, como o álcool 70%.

4. Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs)

Os equipamentos de proteção individual são dispositivos destinados à proteção da saúde e integridade física do profissional e, portanto, devem ser obrigatoriamente utilizados durante os procedimentos clínicos. Para minimizar o risco de contaminações na prática odontológica, devem ser utilizados os seguintes EPIs:

  • Luvas de procedimento;
  • Luvas cirúrgicas estéreis (para procedimentos que requeiram esterilidade);
  • Touca descartável;
  • Máscaras cirúrgicas triplas;
  • Óculos de proteção;
  • Máscaras PFF2 sem válvula de exalação ou N95 (para procedimentos com geração de aerossóis ou pacientes com patologias respiratórias ativas);
  • Protetores faciais (para procedimentos com geração de aerossóis);
  • Avental descartável de mangas compridas;
  • Calçados fechados.

Deve-se ter total atenção na forma correta de colocação e retirada dos EPIs, a fim de evitar a contaminação do profissional nesses momentos.

5. Descarte correto de resíduos contaminados

É fundamental que todas as clínicas odontológicas possuam um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos como estratégia da Biossegurança na odontologia. Esse documento define os protocolos a serem adotados para cada tipo de resíduo gerado durante a atividade profissional. De acordo com a ABNT, os resíduos de serviços de saúde são classificados em:

  • Classe A: Potencialmente infectantes (resíduos que contenham material biológico);
  • Classe B: Químicos (medicamentos, substâncias tóxicas, inflamáveis ou corrosivas);
  • Classe C: Radioativos;
  • Classe D: Comuns (resíduos não contaminados);
  • Classe E: Perfurocortantes (agulhas, lâminas).

De acordo com a classificação acima, cada tipo de resíduo possui formas próprias de descarte. Os resíduos classe A, por exemplo, devem ser acondicionados em sacos identificados brancos, enquanto os resíduos classe E, são descartados em coletores específicos para evitar acidentes e contaminações. Ambos devem ser coletados por uma empresa credenciada para serem destinados à incineração.     

Descarte correto de resíduos contaminados

6. Limpeza e desinfecção dos instrumentais e superfícies

Para evitar o risco de infecções cruzadas entre os pacientes, é fundamental que haja uma correta desinfecção e limpeza dos instrumentais e equipamentos utilizados durante uma consulta odontológica. Esse procedimento é realizado na sala de esterilização, na qual os materiais serão processados de acordo com suas características.

Os instrumentais devem ser emergidos em detergente enzimático diluído por 5 a 10 minutos. Após essa limpeza prévia, os instrumentais são colocados em uma cuba de ultrassom com outra solução de detergente enzimático, a qual garantirá uma limpeza mais completa do material. A limpeza manual com escovas é realizada posteriormente, sempre finalizando o procedimento com uma inspeção visual para verificar a completa limpeza do instrumental.

Após a limpeza, os instrumentais devem ser esterilizados com o uso de uma autoclave. Esse procedimento precisa ser monitorado através de indicadores químicos e biológicos, os quais garantirão que o processo de esterilização está sendo efetivo. Quer saber o passo-a-passo para o processo de desinfecção de um equipamento? Clique aqui!

As superfícies dos equipamentos e mobiliário do consultório odontológico precisam ser limpas com água e sabão entre cada consulta. Após o enxágue e a secagem, a desinfecção das superfícies deve ser realizada com álcool 70%. As mangueiras de sucção, por sua vez, são desinfectadas com hipoclorito de sódio.

Entre os atendimentos também é essencial, como procedimento da Biossegurança em odontologia, realizar a limpeza do piso, utilizando água e sabão. Posteriormente, a desinfecção deve ser realizada com solução diluída de hipoclorito de sódio.

Biossegurança em Odontologia: a ferramenta de saúde e segurança essencial para a prática clínica

Ao longo do artigo, verificamos a importância da aplicação da Biossegurança na odontologia como ferramenta para evitar a exposição dos pacientes e profissionais a diversos tipos de riscos presentes na prática profissional.

Com a adoção de protocolos de segurança, o dentista evita a transmissão de doenças em seu consultório odontológico e preserva a saúde de sua equipe e de seus pacientes. Caso surja alguma dúvida sobre esse assunto, deixe nos comentários. Compartilhe também esse importante conteúdo com seus colegas de profissão.

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2 comentários em “Biossegurança na Odontologia: Aprenda sobre limpeza e desinfecção do seu consultório

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