Lesão cervical não cariosa Lesão cervical não cariosa

Lesão cervical não cariosa: Tudo o que você precisa saber sobre

7 minutos para ler

A lesão cervical não cariosa é um dos diagnósticos mais comuns nos consultórios odontológicos. Muitas vezes de causa indetectável no exame físico, essa patologia reflete a necessidade de uma boa anamnese em Odontologia para ser corretamente identificada.

Embora, geralmente, não seja um quadro grave, a lesão cervical não cariosa causa hipersensibilidade e desconforto para o paciente. Por isso, os dentistas devem ter pleno conhecimento sobre essa condição para estarem aptos a tratá-la. Para auxiliar nessa tarefa, elaboramos um artigo especial sobre lesão cervical não cariosa. Tire suas principais dúvidas sobre o assunto agora.

O que é lesão cervical não cariosa?

A lesão cervical não cariosa consiste na perda irreversível do esmalte coronário do dente, sem que haja envolvimento bacteriano. Esse processo pode levar à exposição dos túbulos dentinários, causando sensibilidade, além de comprometimento estético e funcional.

As lesões podem ocorrer através de fricção, biocorrosão ou tensão.

Fricção

Na fricção podem estar envolvidos dois mecanismos distintos: a abrasão e a atrição.

Abrasão

Na abrasão, ocorre a desmineralização dentária gradual devido a hábitos nocivos, como escovação inadequada, uso de palitos de madeira ou escova interdental. Nesse caso, as áreas mais afetadas são as zonas cervicais, sobretudo dos caninos e pré-molares. Esse processo pode resultar em hipersensibilidade dentária, exposição e necrose pulpar.

Atrição

Na atrição, há desgaste da superfície dos dentes ocasionada pelo contato entre eles durante a mastigação. Também pode ocorrer devido ao contato de instrumentos rígidos na região cervical. É mais comum nas superfícies oclusais, incisais e linguais dos dentes anteriores superiores e nas vestibulares dos dentes inferiores.

Tensão

Na tensão, também conhecida como abfração, há perda da estrutura dental nas áreas cervicais devido à flexão do dente durante a função oclusal. Esse processo leva ao rompimento das ligações entre os cristais do esmalte, sendo mais comum em indivíduos com apertamento dental e bruxismo. Clinicamente, essa lesão pode ser observada em forma de cunhas profundas com margens bem definidas, sobretudo nos dentes inferiores.

Biocorrosão

A biocorrosão ou erosão é determinada pelo desgaste do dente através de um processo químico, o qual pode estar relacionado a ácidos provenientes da alimentação, de medicamentos ou do meio ambiente. No exame físico, a lesão geralmente apresenta-se como um desgaste superficial no esmalte com contorno arredondado.

Quais são os principais grupos de risco para lesão cervical não cariosa?

A lesão cervical não cariosa é uma condição multifatorial e, portanto, há uma série de comportamentos e doenças que podem predispor um indivíduo a apresentá-la. Dentre as patologias que podem ocasionar esse tipo de lesão, destacamos: bulimia, refluxo gastroesofágico, diabetes, hérnia de hiato e azia. Essas doenças causam exposição prolongada do dente ao ácido gástrico, o que pode levar à destruição do esmalte, com exposição da dentina.

Dental Tiradentes

O uso de medicamentos que provocam xerostomia também constitui um fator de risco para o desenvolvimento de lesão cervical não cariosa, uma vez que a saliva atua como tampão, atenuando os efeitos dos ácidos. Vitaminas de uso prolongado e drogas ilícitas também alteram o pH da boca e predispõem ao aparecimento de lesões.

Pacientes pós-ortodônticos ou que apresentam apertamento dental também fazem parte do grupo de risco para lesão cervical não cariosa. Além disso, o procedimento de clareamento dental  pode conduzir a lesões caso seja realizado de maneira incorreta.

Da mesma forma, o consumo excessivo de ácidos na alimentação predispõe ao aparecimento de lesão cervical não cariosa. Logo, deve-se prestar bastante atenção a indivíduos que relatam grande ingestão de bebidas carbonatadas, bebidas alcoólicas, sucos, frutas ácidas e bebidas lácteas, especialmente pacientes jovens que realizam esse consumo desde idades precoces.

Qual é o tratamento para a lesão cervical não cariosa?

O tratamento para a lesão cervical não cariosa consiste na retirada do fator etiológico da lesão, ajuste oclusal, uso de dessensibilizantes e, em alguns casos, restauração.

No caso de lesões causadas por tensão, uma dos tratamentos mais indicados é o ajuste oclusal e/ou tratamento ortodôntico. Para os pacientes com atrição, indica-se a confecção de placas miorrelaxantes.

Em relação aos agentes dessensibilizantes, há três tipos principais: obliterantes, neurais e de ação mista. Enquanto os agentes obliterantes atuam na vedação dos túbulos dentinários, os neurais agem diretamente nas terminações nervosas da dentina exposta. Os agentes dessensibilizantes de ação mista atuam pelos dois mecanismos. A escolha do agente depende do tipo de lesão e grau de exposição da dentina.

A restauração com o uso de resinas compostas é indicada quando a integridade do dente está comprometida ou há risco de exposição pulpar. Esse procedimento também pode ser realizado se a lesão está comprometendo a estética do paciente ou quando a hipersensibilidade dentária não é revertida pela retirada do agente causador da lesão ou uso de agente dessensibilizante.

Como prevenir a lesão cervical não cariosa?

A conduta mais efetiva em relação às lesões cervicais não cariosas é a prevenção, sobretudo em indivíduos que façam parte dos grupos de risco para essa condição. Por isso, há uma série de medidas que o dentista deve orientar a seus pacientes para que as lesões não se instalem ou progridam, como:

  • Evitar o consumo de alimentos ácidos: refrigerantes, isotônicos esportivos, sucos de frutas ácidas, vinagres, alimentos com ácidos orgânicos (lático, cítrico e málico) e bebidas lácteas com baixo pH;
  • Tratar patologias de base que causem xerostomia ou aumentem o conteúdo ácido do aparelho digestivo;
  • Evitar clareamentos caseiros;
  • Usar protetores ortodônticos durante atividades físicas de alto impacto;
  • Evitar hábitos como palitar os dentes, roer unhas, morder canetas, colocar objetos entre os dentes;
  • Escovar os dentes de maneira correta, sem utilizar força excessiva ou escovas dentais de cerdas muito rígidas;
  • Evitar o uso de dentifrícios muito abrasivos.

Além dessas mudanças de hábito dos pacientes, as lesões cervicais não cariosas podem ser prevenidas pela correta avaliação dos contatos oclusais em pacientes pós-ortodônticos e adequado diagnóstico de apertamentos dentais.

Durante esse artigo, relembramos os principais tipos de lesão cervical não cariosa, suas causas, tratamento e prevenção. Destaca-se que a anamnese odontológica é uma das principais ferramentas para diagnosticar essa condição e seus fatores etiológicos e, portanto, deve ser realizada de forma a coletar informações de qualidade acerca do paciente.

Se você ficou com alguma dúvida sobre esse assunto, deixe nos comentários. Caso queira aprofundar-se mais no tema não deixe de acompanhar nossas publicações.

Dental Tiradentes
Posts relacionados

Um comentário em “Lesão cervical não cariosa: Tudo o que você precisa saber sobre

Deixe um comentário

Facebook
Instagram